quinta-feira, 27 de setembro de 2007

EPISÓDIO 12: Surge o arco-íris


“O que vou ser quando crescer?”. Essa pergunta sempre atormentou Fábio Dupois, o entendido da galera. Fabinho, como é conhecido, tem 16 anos e foi criado pelas mulheres da família: mãe, tia e avó. Ah, sim, e pela gata persa Gucci – que ele ganhou quando tinha 10 anos.
O pai de Fabinho abandonou sua mãe quando soube da gravidez. Ficou preocupado com a reação dos pais dela, que tinha somente 18 anos quando “aconteceu”. Talvez seja por esse motivo que o menino tenha um pé atrás com a classe masculina e resolveu desenvolver mais seu lado delicado e feminino...
No Liceu, Fabinho é suuuuuper amigo das patricinhas Naty e Paty. No recreio, vivem trocando idéia sobre roupas, sapatos, cabelo, unhas, maquiagem. Falam, também, sobre gatinhos e barangas do colégio.
- Ai, meu bem, olha essa arigó aí. Mesmo que a calça do uniforme não seja nada fashion, dá pra dar umas engembradas... – comenta Naty sobre a guria da outra turma que passa pelo trio.
- Será que ela não tem espelho em casa, não? – desdenha Paty.
- Aiii, por favor, tá pior que a Britney, um projeto frustrado de Madonna. Coraaaaaaagem, ma cherrie! Coragem... – esculacha Fabinho, divertindo as amigas com seu jeito espalhafatoso.
Fabinho é assim. Metido ao extremo (trocadilho... ehehehe). Esculhamba geral com os colegas e não tá nem aí. Vai na pilha das colegas patis, entra na onda da futilidade, mas também tem seu lado cult.
Gosta de freqüentar mostras fotográficas, vernissages, exposições... (“menino super-dotado esse, né?” – trocadilho again!) No sábado tem excursão para a Bienal da América Latina, organizada pelas gurias da companhia onde ele faz aulas de dança.
Fabinho também tem aulas particulares de francês. “Quero aprender esse idioma chiquéééééérrimo para visitar Paris e conhecer as origens da minha família”, sempre pensa.
Aliás, conhecer a França é o seu grande sonho. Fabinho não está muito certo do que vai cursar na faculdade. Está entre moda e relações públicas. Ultimamente, Fabinho tá tirando uma grana como promoter na night. Conheceu muita gente no meio (trocad... ok, ok!), mas não está bem certo se quer isso para o resto da vida. “Tem muita vaidade e muita troca de favores. Sei lá...” A verdade é que ele está em busca do estrelato. Quer ser famoso a todo custo.
Fabinho tem pouco tempo disponível. Todas as manhãs, tem aula no Liceu. Nas segundas e quartas, no vespertino, faz aula de dança; nas terças e quintas, tem francês das 19h às 20h30; e nas sextas-feiras, à noite, trabalha como promotor dos eventos na DiscoClub. Mesmo com essa agenda apertada (ui!), ele sempre dá umas escapadinhas na net pra trovar com a gurizada. Esses dias, descobriu o MSN e o Orkut de um carinha que ele tá afim. “Foi triii difícil, mas eu consegui!!”, gaba-se.
- Lá vem o arco-íris – anuncia Naty a chegada do colega no Liceu.
- Naaaty! Paaaty! – grita Fabinho, lá do portão, acenando para as amigas patis.
- E aí gatão, tudo tri? – perguntam as gurias.
- Très bien, meus amores. (...) Aiiiiiiiii, péra que meu cel tá vibrando.
- Uiiiiiiiii, safadinho! Hahahahaha... Quem é? – pergunta Paty.
- Hum, não sei se devo revelar... – Fabinho faz mistério. – É um torpedinho...
Fabinho pega o celular no bolso e, meio de canto, lê a mensagem: “TÔ ADORANDO TE CONHECER. ENTRA NA NET HJ ÀS 14H Q VOU ESTAR ON. BJOKAS.”
- Hummm, negrinhas, vamos mudar de assunto! – pede ele.
- Não senhoooooor, Fabinho! Ajoelhou, tem que rezar! – respondem as “tipas”, querendo espiar o que diz a mensagem no celular dele.
- Não... é... nada... demais... – responde Fabinho, meio engolindo seco.
- Aaaaah! Fala, fala, FALA! – imploram as patricinhas.
- Tá bom, suas mocréias! Eu conto... – Fabinho respira fundo, e começa: – Conheci um gatinho no messenger. Faz um tempo que já conversamos. Ele é tuuuuuudodebompontocompontobr. – responde, num tom mais afetado. – Atencioso, meigo, tá sempre online e parece ser um partidão!
- Sério?? Aiiiiiiiiiiii Fabinho!! Como tu não falou isso antes pra genteeee? – quer saber Paty.
- Quem é, quem é? – pergunta Naty.
- Putz, meninas... – Fabinho começa a se arrepender de ter começado a contar a história. – Ele é nosso colega.

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