quinta-feira, 18 de outubro de 2007

EPISÓDIO 27: A volta por cima da arigó

Na terça-feira, a turma 304 tem aula de Educação Física logo no primeiro período. “Serve para acordá-los”, pensa o professor Giba. Giba é um parceirão da gurizada. Tá sempre de alto-astral. Com ele, não tem tempo ruim. Hoje ele propõe às gurias treinar handebol, já que as interséries acontecerão na próxima semana. Aos guris, propôs um clássico joguinho de futebol (por isso que Giba é adorado!).
Giba chama duas meninas para escolherem as equipes: Paty e Mary Jane. Na equipe 1, estão: Paty, Naty, Ana, Lúcia, Juju e Xandão como goleira. No time 2, estão: Mary Jane, Tatiene, Renata, Michele, Luana (goleira) e Andréia. O jogo começa. Algumas gurias se destacam positivamente. Tatiene é uma delas.
- Nossa, te liga como a Tati tá atacando bem. – comenta Xandão para sua protegidinha.
- É verdade. Tá jogando tri bem. Pior que eu já tinha notado isso... – responde Juju.
Desde o dia em que Junior deixou Tatiene a ver navios no Shopping Centro, num complô junto com as patricinhas Paty e Naty, a garota passou a encarar a vida de outra maneira. Tudo bem que ela continuou pagando pau pras patis, mas agora em escala menor.
Tatiene teve um conflito interior e parou pra pensar no que ela realmente quer da vida: “Pô, pra que eu quero ser igual a essas gurias nojentas? Pra que eu fico imitando elas? Elas são fúteis, vazias, não falam nada com nada, só contam baboseiras... O que isso me acrescenta? O que adianta eu ter a bolsa mais cara do mundo e ter pouquíssimos amigos? Ter o tênis da última coleção da Nike e não saber a tabuada do 8?”
Tatiene chega à conclusão que o melhor a fazer é mudar radicalmente, inclusive o visual. Ela assume o cabelo crespo e não faz mais chapinha na franja. Usa óculos fundo-de-garrafa e não tá nem aí pra isso. Assumiu, até, seus quilinhos extras. Aliás, já não assina mais seu apelido como Taty. Prefere o nome mesmo: Tatiene. “É mais forte, mais vibrante.”
O jogo na quadra poliesportiva do Liceu termina em 3x0 para a equipe de Mary Jane. E dois gols foram feitos por Tatiene, que se mostrou uma revelação no handebol. Xandão sai da quadra irritada, esbravejando, pois era a goleira da equipe 1 e deixou passar três gols.
- Bah, que droga, meu! Sou uma frangueira mesmo.
Lúcia, que também é da equipe derrotada, observa as aparentes mudanças da colega Tatiene e resolve puxar papo no caminho para o vestiário.
- Tati, reparei que tu anda mudada. Que bicho te mordeu? – pergunta Lúcia.
- Na verdade, foi a Santa Ingenuidade que fez um milagre e me abriu os olhos. - responde Tatiene, meio como quem corta o papo, mas feliz por alguém ter notado a diferença.
- Santa Ingenuidade? Como assim?!
- É... Eu me dei conta que não vale a pena ficar imitando umas pessoas sem conteúdo. Se for pra imitar, que se imite algum referencial, alguém bacana. Mas mesmo assim, ainda prefiro não imitar ninguém. O ideal é ser quem somos, numa boa.
- Verdade. Tu tem toda a razão. – responde Lúcia, já entrando no vestiário.
Com todas as mudanças, físicas e psicológicas, Tatiene passa a despertar a atenção inclusive do seu amado, o boyzinho Junior. Se antes ele a desprezava, agora eles até trocam idéia numa boa. Claro, a aproximação dos dois fez cair o castelinho de cartas das duas víboras patricinhas.
Os guris também terminaram o futibas e estavam no vestiário junto com as meninas. Já que no Liceu os alunos não trocam de roupa para as aulas de Educação Física, o vestiário é usado tanto por guris quanto por gurias só para lavar o suor do rosto e tal.
Junior escuta um buxixo dizendo que Tatiene foi quem melhor jogou handebol, se destacou como uma revelação para as interséries e resolve cumprimentá-la.
- Que massa, Tati. Parabéns por esses dois gols de hoje. – diz Junior.
- Ahhh, muito obrigada! Espero fazer mais gols no jogo da semana que vem. Um deles eu dedico pra ti, pode ser? – fala Tatiene, descontraída.
- Hahaha pode ser, lógico! – responde Junior, que não fica mais sem graça com as investidas da colega.
Paty e Naty, vendo o papinho do Junior “o cara” com a “gordinha”, resolvem armar pra cima dos dois. Conseguem a chave do vestiário do ginásio poliesportivo com o Gílldo e os deixam trancados lá, após a aula de Educação Física. Mas elas não contavam com a astúcia da Tatiene, que aproveitou o limão para fazer uma limonada. Afinal, estava trancada – sozinha – com o gatinho que ela mais curte no Liceu. Claro que num primeiro momento, eles ficam preocupados. Batem na porta, mas ninguém está por perto para acudi-los. Passado o susto inicial, Tatiene puxa papo com Junior, que se mostra receptivo. Conversam sobre vestibular, futuro, carreira, mercado de trabalho e, é claro, sobre namoro, ficar, beijo na boca, essas coisas. Junior percebe que Tatiene está mais agradável, tem um papo bacana, sabe conversar sobre diversos assuntos e não é vazia como as outras “tipas”, seus antigos casos.
Na sala de aula, a matéria do próximo período é Geografia e a professora pergunta se alguém sabe onde estão os dois ausentes. Paty e Naty, óbvio, não acusam. Ângela, a professora, chama o inspetor Rodolfo e pede que os procure e os traga de volta imediatamente.
Rodolfo vai até o vestiário e vê que ele está trancado. Pede a chave para o Gílldo que o acompanha até lá. Quando ele abre a porta... Mal acredita no que vê. É Junior e Tatiene aos beijos.

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