Giba chama duas meninas para escolherem as equipes: Paty e Mary Jane. Na equipe 1, estão: Paty, Naty, Ana, Lúcia, Juju e Xandão como goleira. No time 2, estão: Mary Jane, Tatiene, Renata, Michele, Luana (goleira) e Andréia. O jogo começa. Algumas gurias se destacam positivamente. Tatiene é uma delas.
- Nossa, te liga como a Tati tá atacando bem. – comenta Xandão para sua protegidinha.
- É verdade. Tá jogando tri bem. Pior que eu já tinha notado isso... – responde Juju.
Desde o dia em que Junior deixou Tatiene a ver navios no Shopping Centro, num complô junto com as patricinhas Paty e Naty, a garota passou a encarar a vida de outra maneira. Tudo bem que ela continuou pagando pau pras patis, mas agora em escala menor.
Tatiene teve um conflito interior e parou pra pensar no que ela realmente quer da vida: “Pô, pra que eu quero ser igual a essas gurias nojentas? Pra que eu fico imitando elas? Elas são fúteis, vazias, não falam nada com nada, só contam baboseiras... O que isso me acrescenta? O que adianta eu ter a bolsa mais cara do mundo e ter pouquíssimos amigos? Ter o tênis da última coleção da Nike e não saber a tabuada do 8?”
Tatiene chega à conclusão que o melhor a fazer é mudar radicalmente, inclusive o visual. Ela assume o cabelo crespo e não faz mais chapinha na franja. Usa óculos fundo-de-garrafa e não tá nem aí pra isso. Assumiu, até, seus quilinhos extras. Aliás, já não assina mais seu apelido como Taty. Prefere o nome mesmo: Tatiene. “É mais forte, mais vibrante.”
O jogo na quadra poliesportiva do Liceu termina em 3x0 para a equipe de Mary Jane. E dois gols foram feitos por Tatiene, que se mostrou uma revelação no handebol. Xandão sai da quadra irritada, esbravejando, pois era a goleira da equipe 1 e deixou passar três gols.
- Bah, que droga, meu! Sou uma frangueira mesmo.
Lúcia, que também é da equipe derrotada, observa as aparentes mudanças da colega Tatiene e resolve puxar papo no caminho para o vestiário.
- Tati, reparei que tu anda mudada. Que bicho te mordeu? – pergunta Lúcia.
- Na verdade, foi a Santa Ingenuidade que fez um milagre e me abriu os olhos. - responde Tatiene, meio como quem corta o papo, mas feliz por alguém ter notado a diferença.
- Santa Ingenuidade? Como assim?!
- É... Eu me dei conta que não vale a pena ficar imitando umas pessoas sem conteúdo. Se for pra imitar, que se imite algum referencial, alguém bacana. Mas mesmo assim, ainda prefiro não imitar ninguém. O ideal é ser quem somos, numa boa.
- Verdade. Tu tem toda a razão. – responde Lúcia, já entrando no vestiário.
Com todas as mudanças, físicas e psicológicas, Tatiene passa a despertar a atenção inclusive do seu amado, o boyzinho Junior. Se antes ele a desprezava, agora eles até trocam idéia numa boa. Claro, a aproximação dos dois fez cair o castelinho de cartas das duas víboras patricinhas.
Os guris também terminaram o futibas e estavam no vestiário junto com as meninas. Já que no Liceu os alunos não trocam de roupa para as aulas de Educação Física, o vestiário é usado tanto por guris quanto por gurias só para lavar o suor do rosto e tal.
Junior escuta um buxixo dizendo que Tatiene foi quem melhor jogou handebol, se destacou como uma revelação para as interséries e resolve cumprimentá-la.
- Que massa, Tati. Parabéns por esses dois gols de hoje. – diz Junior.
- Ahhh, muito obrigada! Espero fazer mais gols no jogo da semana que vem. Um deles eu dedico pra ti, pode ser? – fala Tatiene, descontraída.
- Hahaha pode ser, lógico! – responde Junior, que não fica mais sem graça com as investidas da colega.
Paty e Naty, vendo o papinho do Junior “o cara” com a “gordinha”, resolvem armar pra cima dos dois. Conseguem a chave do vestiário do ginásio poliesportivo com o Gílldo e os deixam trancados lá, após a aula de Educação Física. Mas elas não contavam com a astúcia da Tatiene, que aproveitou o limão para fazer uma limonada. Afinal, estava trancada – sozinha – com o gatinho que ela mais curte no Liceu. Claro que num primeiro momento, eles ficam preocupados. Batem na porta, mas ninguém está por perto para acudi-los. Passado o susto inicial, Tatiene puxa papo com Junior, que se mostra receptivo. Conversam sobre vestibular, futuro, carreira, mercado de trabalho e, é claro, sobre namoro, ficar, beijo na boca, essas coisas. Junior percebe que Tatiene está mais agradável, tem um papo bacana, sabe conversar sobre diversos assuntos e não é vazia como as outras “tipas”, seus antigos casos.
Na sala de aula, a matéria do próximo período é Geografia e a professora pergunta se alguém sabe onde estão os dois ausentes. Paty e Naty, óbvio, não acusam. Ângela, a professora, chama o inspetor Rodolfo e pede que os procure e os traga de volta imediatamente.
Rodolfo vai até o vestiário e vê que ele está trancado. Pede a chave para o Gílldo que o acompanha até lá. Quando ele abre a porta... Mal acredita no que vê. É Junior e Tatiene aos beijos.
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