quarta-feira, 24 de outubro de 2007

EPISÓDIO 31: Conversa franca

- Oi Rê...
Renata sente um frio na barriga. Embora a voz pareça familiar, ela não reconhece na hora. Vira-se...
- O que tu tá fazendo aí sozinha?
- Oi Fernando... a melhor pergunta é: o que VOCÊ tá fazendo aqui? Nunca te vi na noite antes... - Talvez porque eu nunca tenha me deixado ver...
- Então...?
- Digamos que eu tive uma motivação extra hoje...
- Hummm?
- E aí...?
Renata sente-se tão sozinha, tão triste que não tem nem vontade de falar. Está super preocupada com uns lances da dependência e tudo mais... Precisava desabafar, falar com alguém... E enquanto ela pensa nisso tudo, Fernando percebe que dali não sairá nada, e senta-se do lado dela durante uns dez minutos em silêncio.
- Como o céu da noite é louco, né? Diz ela, sem saber por onde começar...
- Muito...
Renata não se contém e começa a chorar. Quieta, calada, com um nó na garganta, as lágrimas escorrem. Fernando percebe a dor e a solidão da amiga. Percebe que a única coisa que pode fazer naquele momento é... Companhia. Passa o braço pelos ombros de Renata e puxa-a para perto de si. Ao sentir o abraço cheio de amor, ela começa a chorar... Chora de soluçar.
- Tem muita coisa sobre mim que ninguém sabe, Fernando.
- Eu posso imaginar.
- E pior, eu preciso de ajuda, mas não sei nem por onde começar...
- Olha Rê, se quiser, eu estou aqui...
Mas Rê já não conseguiria dizer mais nada naquela noite. Fernando levanta-se depois de uma meia hora em que estão ali. Estende a mão para ela.
- Vem Rê, vou te levar pra casa...
E juntos caminham, noite adentro, sem se preocupar com o perigo, sem se preocupar com nada, segurando a mão um do outro...

Três meses se passaram. O vestibular está próximo e a galera vai ter que encarar essa parada. Muitas coisas, agora, ficam só na lembrança. As festas, os casaizinhos, as aulas chatas de Física, tudo agora é passado. Não que não tenham mais importância, pelo contrário, muitas coisas foram decisivas para a turma. Depois de um longo tempo afastado das aulas, das festas, do futibas e do pagode com os amigos, Gegé é um dos que se prepara para o vestibular. Alguns colegas já fizeram as provas, mas ele ainda não. Aproveitou os dias de recuperação para estudar. Estava decidido que, apesar do medo das responsabilidades que terá que assumir, vai prestar o vestibular e se esforçar para passar. Antes, quer conversar com Camila. Aliás, os dois querem colocar uns pingos nos is, decidir o que fazer daqui pra frente e tomar um rumo de vez. Ainda estão morando separados, desde a briga que tiveram após o acidente de Gegé. Camila chega na casa do garoto no final da tarde. Ele já está esperando a namorada, que já chega cheia de cobranças.
- Olha, Gegé, antes de tudo, tu vai ter que me explicar o que aconteceu naquela festinha que tu foi no dia do acidente. Já esperei demais. Desembucha – diz a garota, nervosa.
- Cami, é o seguinte. A gente não tava numa boa, eu precisava sair, me divertir, dar um tempo pra cabeça, por isso resolvi sair com os guris. Eu vou te contar tudo o que aconteceu naquele dia.
- Anda, fala logo então – diz Camila.
- Depois que a gente saiu do jogo, eu tentei te ligar pra te avisar que eu ia lá com eles, mas tu não me atendeu. Pensei que não seria nada demais, então fui. Tomei umas biras com a gurizada, curti um som e tal. Pra mim era pra ficar nisso, mas acabou rolando mais coisas – diz Gegé, já expressando preocupação.
- Conta logo, fala de uma vez! Que coisa! - grita Camila.
- Tá bom. Tinha uma menina lá, que não parava de me olhar. A gente começou a conversar e acabou rolando um beijo – confessou Gegé.
- Ah, mas tu é muito cafajeste mesmo, cara, não sei como é que pode. Tu tá esperando um filho e me faz uma coisa dessas. Mas é bom. É bom pra ver que não te conheço como eu pensava – desabafa.
- Pois é, Cami, eu também achei que não faria uma besteira dessas, mas aconteceu. Mas também, não foi nada demais, só um lance com uma menina diferente, sei lá.
- Uma menina diferente, né... Espero que tu goste da menina que está chegando na tua vida. A nossa menina, Géverson. – revela Camila.
- É uma menina mesmo? Que legal. – empolga-se.
- Pois é, antes tu nem te interessou em saber. Só ficava se lamentando de não poder mais jogar, não poder mais tocar, agora quero ver se vai ter peito pra cuidar dessa menina.
- Tu tem que me entender também, Cami, eu tô confuso. É tudo muito difícil pra mim. Eu não tenho certeza se tô preparado pra encarar as obrigações de um pai, ainda mais depois dessa - diz Gegé.
- Eu acho que não, mas tu deve pensar bem. Vai ser difícil eu perdoar depois do lance do pagode, mas agora o que mais importa é a minha menina.
- Olha, Cami...- Gegé é rapidamente interrompido pela namorada.
- Vamos fazer o seguinte: a gente dá um tempo, tu pensa bem no que tu quer da vida, eu vou pensar se vale a pena ficar contigo, e depois a gente conversa de novo. Outra hora a gente se fala.
- Mas, Cami...
- Deixa assim, é melhor. – diz Cami, já se dirigindo à porta.
- E nem pensa em me procurar na aula ou me ligar. A gente tem que dar um tempo mesmo, pra valer – diz a garota, se despedindo.
Apesar da frustração, Gegé já esperava por uma conversa como essa. Ele está confuso, pensa em largar tudo e depois se arrepende. Acha que precisa mesmo de um tempo. Vai ser bom.
Pensando em descontrair, pensa nos amigos boleiros e lembra da fisioterapia.

Um comentário:

Anônimo disse...

bahhh ninguém tá curtindo o blog então...
comentários nem p/bem, nem p/mal...
assim faltarão as dedicatórias depois!
vamo comentá aí gurizada!